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Carta aos Jornalistas

Belo Horizonte, 10 de Março de 2016.


Ilustres Jornalistas brasileiros,

O Centro de Defesa da Criança e do Adolescente de Minas Gerais – CEDECA-MG atua em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente compondo a rede de controle social e defesa jurídico-social, conforme seus artigos 86 e 87.

Contribuir com o avanço dos debates e políticas públicas que alcançam a infância e a adolescência brasileiras é objetivo desta instituição. Nosso trabalho exige acompanhar a conjuntura política que compõe, junto com outros elementos, a tessitura das condições em que os sujeitos tem seu acesso a Direitos fortalecido ou fragilizado.

Muito nos preocupa o clima de hostilidade e desregramento em curso em torno do processo de apuração de responsabilidades do fenômeno da corrupção na máquina estatal brasileira. Fatos têm sido apresentados em versões que deslizam da verdade à mentira de modo nem sempre responsável. Quando dizemos responsável estamos nos referindo à função dos meios de comunicação de informar a população de modo rigoroso e imparcial acerca do que ocorre em nosso país e no mundo.

Acreditamos que as ações de investigação e responsabilização desta prática em nenhuma circunstância deverão ultrapassar ou derrogar, ignorar ou ferir os dispositivos democráticos à disposição e historicamente construídos. Tais ferramentas são uma conquista política e ética de nosso país que de modo algum devem ser colocadas em risco.

O papel dos meios de comunicação nunca foi tão relevante e não poderia ser diferente, posto que uma sociedade que busca resolver seus impasses e conflitos através do diálogo é aquela que inventará saídas e caminhos que façam obstáculo à que a violência encontre campo largo e escoamento livre. Infelizmente mais temos assistido a posicionamentos jornalísticos que insuflam a dissensão do que contribuem para a serenidade e lucidez necessários neste momento

Gostaríamos de solicitar que os nobres Jornalistas - herdeiros que são de Mulheres e Homens que com a palavra lutaram e participaram para que esta terra alcançasse condições sociais e políticas concretas para a Liberdade, Justiça e Fraternidade - não se acumpliciem com os meios de comunicação que estão assumindo este lugar de propalar o ódio. Mas antes, que sua palavra veiculada possa informar e também contribuir para que o Brasil atravesse esses, que são dias de sombra e medo, em PAZ.

A Democracia é um bem precioso e delicado. É uma lógica de funcionamento social cuja cujo lastro é a operacionalização coerente de seus dispositivos, em todas as instâncias do Estado e sociedade.

É preciso que a Democracia seja preservada e que o povo brasileiro prossiga em seu processo de amadurecimento político. Deve ser impensável a população ter sua palavra e ações (individuais ou coletivas) tolhidas por pessoas e instituições que se arvoram a deter a Verdade e o Bem em nome de todos.

Têm sido muitos os obstáculos históricos e concretos ao trabalho de mulheres e homens, ao longo de 25 anos do ECA, para que nossa infância e adolescência encontrem uma realidade que lhes seja favorável à construir projetos de vida que contemplem Educação, Saúde, Trabalho digno, Justiça, Cultura, Lazer, Amor e Família. Preconceitos e violências ainda assolam as populações excluídas de modo lamentável. A redemocratização de nosso país permitiu recursos com os quais há, ainda há, possibilidade de melhores soluções para os conflitos sociais que não o acirramento destes.

Em meio aos muitos interesses em pauta, neste momento, é preciso preservar as condições democráticas do encontro do povo e das instituições brasileiras com a administração pública ilibada. Já não é possível a omissão frente aos descalabros do abuso de poder, mas a participação efetiva, de qualquer um dos atores sociais aí convocados, para que isso mude dever-se-á reger por posicionamentos tão corretos quanto pacificistas.

Dos Jornalistas deste país aguardamos e solicitamos um posicionamento firme e isento de outros interesses que não o de sua estrita responsabilidade ética e política para com o povo brasileiro.


Saudações fraternas,


Centro de Defesa da Criança e do Adolescente de Minas Gerais




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