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Cineclube Maruge Na Medida!


O Cedeca-MG fez uma parceria com a Superintedência de Medidas Socioeducativas de Minas Gerais e levará o Cineclube Maruge às unidades de internação. Ao longo de 2016 visitaremos a cada mês uma unidade e faremos oficinas com exibição de filmes para as(os) adolescentes e também os trabalhadores, em momentos distintos.

O projeto começou neste sábado, 19 de março, Centro de Reeducação Social São Jerônimo, em Belo Horizonte.

Foi exibido o documentário Piadeiros, que viaja pelo Brasil e Portugal registrando pessoas que gostam de contar piadas. O diretor relata que uma dúvida antes de gravar o filme era como os preconceitos que circulam no cotidiano surgiriam nas piadas. O resultado foi que piadas racistas já não foram ouvidas, mas aquelas de conteúdo machista e homofóbico se fizeram recorrentes. A ausência de mulheres contadoras de piada também ficou marcada.

A partir do filme as questões trazidas pelos dois grupos foram em torno do machismo, sexualidade e dos recursos metodológicos e éticos para trabalhar estas questões com as adolescentes.

Frente a uma mulher contando uma piada que trazia conteúdo sexual, as adolescentes se manifestaram: "uma mulher velha dessa falando de sexo?" ou "e sexo tem idade, gente?". Sem dúvida, uma pergunta central no tempo da adolescência: a sexualidade e seu tempo.

O sujeito não escapa de seu encontro com a sexualidade e entre surpresas, incômodos, descobertas inventa/constrói um lugar para si no mundo ao longo da adolescência. Um lugar que contempla a descoberta e/ou posicionamento como heterossexual, homossexual ou transsexual.

Ao ouvir uma piada machista, uma delas comenta com as outras: "ó! como se mulher só servisse para isso!" Sim, não é sem angústia e indignação que uma mulher (menina, adolescente ou adulta) se depara com posicionamentos (claros ou disfarçados) machistas. Frente a isto há várias possibilidades de resolução, inclusive acatar e disso rir, fazendo de conta que não dói. O machismo atravessa a história das mulheres brasileiras, e as meninas que ali estão não escapam disto.

De que modo lidar com estas questões no dia a dia, como trabalhador de uma unidade? Considerando, ainda, que independente da função institucional, o lugar de educador convoca a todos? Antes de tudo é preciso lembrar que a função de um adulto é respeitar, proteger e contribuir para que a(o) adolescente consiga resolver seus impasses a partir de seu desejo particular de viver.

Estes dois pontos (machismo e sexualidade) trazem questões, impasses à equipe e para serem resolvidos sempre exigirão delicadeza e lucidez na sustentação de um aprendizado teórico-prático que não se encerra. Não podemos esquecer, este processo deve ser condizente com as orientações do ECA quanto ao caráter educacional de uma medida socioeducativa.

O Cineclube Maruge Na Medida! seguirá e uma vez por mês estaremos aqui contando um pouco do papo que rolou com os adolescentes e os trabalhadores na unidade visitada.


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